A fenomenologização do proibicionismo: técnica e positividade
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2024.89683Abstract
Sabemos que o Proibicionismo, mesmo fracassando reiteradamente em alcançar seus objetivos de erradicar a produção e o consumo de drogas, se mantém completamente dominante na sociedade. Sua permanência e sustentação como uma política pública, à revelia do seu fracasso, é geralmente compreendida por oferecer ao Estado o poder de controlar certos grupos sociais indesejados. Porém, ao analisarmos o Proibicionismo a partir do pensamento do Heidegger tardio (Era da Técnica), uma nova possibilidade compreensiva se inaugura. O Proibicionismo passa a ser entendido como uma expressão do sentido epocal do nosso mundo, completamente afinado com a armação da Era da Técnica. Argumentamos que a técnica sustenta ontologicamente o Proibicionismo. Como desdobramento da Técnica e ratificando nossa posição, buscamos em Byung Chul Han a noção ôntica de positividade. Chegamos assim à proposição que o Proibicionismo é positividade. Por fim, alertamos que, se queremos realmente uma nova política de drogas, não é somente contra o Proibicionismo que deveríamos lutar, mas fundamentalmente, nossos esforços deveriam se projetar a uma resistência ao mundo da técnica, a uma desobediência ao pensamento calculante. Enfim, o sentido da existência, com uso ou sem uso de drogas, deveria se aproximar mais em habitar de modo mais poético o mundo.