Sonhos por uma fenomenologia revolucionária: diálogos e desafios

Resumo

Este texto buscou dialogar com psicólogos que exercitam suas práticas inspiradas pelo método fenomenológico visando compartilhar sonhos que possam (re)aproximá-los de alguns de seus princípios fundamentais, bem como renovar e atualizar o caráter revolucionário do próprio método, sobretudo a partir de novos paradigmas e saberes. Foram dez sonhos partilhados: 1) que a fenomenologia volte às origens (mundo vivido); 2) que a fenomenologia se faça simples; 3) por uma culturalização da fenomenologia; 4) que a fenomenologia permaneça criança; 5) que a fenomenologia nos ensine a ter uma nova relação com o tempo (temporal); 6) que a fenomenologia descolonialize-se urgentemente; 7) por uma fenomenologia estética; 8) por uma fenomenologia política; 9) por uma fenomenologia na coexistência e pluralidade; 10) por uma educação fenomenológica. A atitude presente neste método pode se mostrar revolucionária ao questionar lógicas hegemônicas, ser um estar-com-outro, fazendo política, com afeto, artística e criançamente, numa perspectiva interdisciplinar, decolonial, educacional e libertadora. Revolucionário seria, portanto, resgatar a dimensão disruptiva e desafiadora inerente ao próprio método em seus princípios, mas nem sempre realizada no exercício desta atitude, pois a repetição mecânica de conceitos proselitistas parecem ter se sobreposto. Precisamos do diálogo com outros saberes que nos façam reconhecer a importância da renovação e inclusão de importantes marcadores sociais da diferença que nos permitam reconhecer as opressões e cuidar daqueles que são excluídos e neglicenciados.