Cuidado e coexistência: Diálogos entre os saberes ancestrais e a fenomenologia hermenêutica
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2024.89262Resumo
O artigo investiga o conceito de cuidado como fundamento ontológico do habitar humano, articulando a fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger aos saberes ancestrais de Ailton Krenak e Davi Kopenawa. O objetivo central é destacar como as contribuições de Krenak e Kopenawa oferecem possibilidades existenciais de lida para com a condição de esquecimento do ser e à lógica instrumental moderna. A metodologia adota uma abordagem ensaística e teórica, fundamentada em revisão e análise bibliográfica. O texto partiu de considerações acerca das crises ambientais contemporâneas no Brasil, para refletir sobre o modo de ser do ser humano para com o seu ambiente segundo a estrutura existencial do Dasein, do cuidado e da técnica em Heidegger e da crítica da estruturação moderna da relação homem-terra em Krenak e Kopenawa. Conclui-se que a ressignificação do habitar humano, fundamentada em modalidades do cuidado favorecedoras de envolvimento e presença, pode transformar as relações entre humanos e os outros seres, promovendo caminhos éticos tanto enfrentar as crises ambientais e socioculturais contemporâneas quanto para o habitar humano junto ao seu mundo.