Diálogos entre feminismo decolonial, fenomenologia e interseccionalidade para pensar a ação clínica e a escuta psicológica de mulheres racializadas
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2024.89101Resumo
Este artigo discute a existência de mulheres racializadas e a importância da elaboração da escuta e ação clínicas comprometidas com as demandas destas. A partir da compreensão de que corpo é simultaneamente território singular e plural, acena como a interseccionalidade, o pensamento fenomenológico e o Feminismo Decolonial são lentes teóricas e metodológicas importantes que podem contribuir para a elaboração desse projeto de ação clínica psicológica sensível para a escuta de mulheres que estão na base da pirâmide social do sistema capitalista. Empreende uma análise fundamental para a qual o racismo e o patriarcado constituem as origens do capitalismo. São tecidas reflexões iniciais sobre a contribuição que o pensamento fenomenológico possibilita, em diálogo com tais abordagens, o cuidado daquelas que são as que experimentam na própria existência as violências realizadas diariamente pelas diferentes esferas de manutenção do sistema capitalista. Neste sentido, a ação clínica é proposta como uma das estratégias de esfacelamento de tecnologias de colonização no capitalismo, pois favorece a organização simbólica e existencial de mulheres racializadas, através do testemunho e validação de suas dores. Conclui que a escuta psicológica qualificada pode promover crítica às tecnologias de reprodução das violências estruturais que silenciam e capturam a liberdade de mulheres, produzindo cuidado e liberdade ao reconhecer as vozes, sofrimento e possibilidades criativas para a autodeterminação destas mulheres e construção de outros mundos. Por fim, propõe um deslocamento da clínica convencional psicológica.
Palavras-chave: existência; mulheres; racialização; interseccionalidade; fenomenologia; feminismo decolonial.