Denise Ferreira da Silva e a negação da fenomenologia
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2024.88559Abstract
Desde que Fanon promoveu uma leitura inicial da obra de Merleau Ponty na formulação de sua interpretação fenomenológica dos corpos racializados, os recortes da fenomenologia que se estabelecem a partir de diversos marcadores sociais passam a colocar em questão a normatividade e os ordenamentos sociais revestidos de normalidade. Partido dessa compreensão, nos propomos, neste trabalho, a circundar os modos como os estudos da negritude constituem sua crítica à fenomenologia clássica e estabelecem um novo modelo de compreensão da corporeidade e da performatividade negra como uma forma de reinterpretar e ressignificar o mundo. Para isso, tomaremos como sustentáculo dessa interpretação o pensamento da filósofa brasileira Denise Ferreira da Silva, circundando como sua produção fomenta a formação daquilo que denominamos de Pensamento Radical Negro Brasileiro e permite o diálogo com a interpretação do corpo, da racialidade, da exposição dos erros interpretativos da Fenomenologia clássica e da mobilização insuficiente de ferramentas por parte da Fenomenologia da Raça. Aqui, apontaremos, especificamente, como Denise mobiliza sua leitura de Descartes na formulação dos seus Fundamentos Ontoepistemológicos e na construção de uma oposição à fenomenologia ao instaurar uma crise na leitura do cânone filosófico.