Sofrimento psíquico grave como processo de uma história de vida: concepções sartrianas em torno da psicopatologia
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2023.75260Palavras-chave:
Sofrimento Psíquico Grave, Psicopatologia Fenomenológica, Psicologia Existencialista, História de vida, Jean-Paul Sartre.Resumo
O conceito sofrimento psíquico grave foi eleito neste trabalho para referenciar as experiências classicamente conceituadas como psicose ou loucura, ao considerar que tais fenômenos são expressões de uma trajetória existencial e das possibilidades de vivências emocionais cotidianas para qualquer sujeito, conforme as condições de sua vida de relações, contrapondo-se às tradições clássicas em psicopatologia, que centram suas produções na chamada doença mental e em seus sintomas. A psicopatologia fenomenológica e a definição do fenômeno como sofrimento psíquico grave buscam trazer o sujeito concreto, situado em seus contextos, para a cena da produção do conhecimento psicopatológico e para o lócus da intervenção, ao compreender que sofrer é parte da existência e o pathos é expressão de modos de estar na vida. O presente ensaio teórico tem como objetivo de discutir o fenômeno do sofrimento psíquico grave como processo resultante da dialética entre condições da objetividade e da subjetividade, tomando a filosofia de Sartre como base de sustentação. A Psicanálise Existencial é um método que visa elucidar o projeto de ser por meio de situações que compõem a história de vida de uma pessoa e ajudam a desvelar os sentidos expressos no sofrimento psíquico grave. O método progressivo-regressivo trata de considerar os diferentes níveis de mediação que as condições concretas da vida, sejam elas macroestruturais, tais como as condições socioculturais e as racionalidades, ou microestruturais, tais como os grupos de pertença e as redes sociológicas, engendram nas experiências singulares, estabelecendo condições de possibilidade para vivências psicopatológicas.