Psicopatologia da liberdade e transtornos do poder-ser: sofrimento existencial e enfermidade mental na fenomenologia hermenêutica e na psiquiatria fenomenológica
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2022.70450Palavras-chave:
fenomenologia-hermenêutica, psiquiatria fenomenológica, vulnerabilidade existencial, enfermidade mental, liberdade,Resumo
O presente artigo dedica-se à questão da condição de possibilidade do adoecimento psíquico e existencial. Para tanto, investiga-se a tese da vulnerabilidade antropológica e existencial do ser-humano, proposta por Fuchs (2018). Para o autor, é a própria conditio humana o que expõe o ser humano a formas peculiares de ameaça à saúde mental e existencial. Explicita-se a abertura de ser como cerne fenomenal da vulnerabilidade humana para o adoecimento psíquico e existencial. É na abertura de ser, compreendida como constituição profunda do modo de ser do ser humano, que jaz a vulnerabilidade existencial, condição de possibilidade da vulnerabilidade antropológica ao sofrimento psíquico e à enfermidade mental. Uma vez delimitada a origem existencial da vulnerabilidade típica do modo humano de ser, mostra-se que a condição de possibilidade da enfermidade mental e existencial é, em última instância, a própria liberdade para ser. Busca-se mostrar, com isso, o aspecto fenomenológico-hermenêutico (Heidegger) da psiquiatria fenomenológica da Escola de Heidelberg, aqui representada por Fuchs. A conclusão provisória é a de que a herança heideggeriana de Wolfgang Blankenburg impacta diretamente o pensamento de Fuchs. Um exercício de análise de caso, por meio do recurso ao filme Persona, de Ingmar Bergman, ilustra o sentido radical da vulnerabilidade existencial humana ao sofrimento psíquico e à enfermidade existencial.