Fenomenologia da experiência e ocupações religiosas de usuários de um CAPS de Belém
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2021.60603Palavras-chave:
Religiosidade. Espiritualidade. Saúde Mental. FenomenologiaResumo
Possíveis relações entre experiência religiosa e a saúde mental têm sido recorrentemente debatidas por inúmeras áreas de conhecimento. Nesse campo, a espiritualidade/religiosidade (E/R) podem figurar como demanda dos usuários no cotidiano dos serviços de saúde, suscitando a reflexão e manejo dos profissionais envolvidos. Com base nesse cenário, este artigo trata dos resultados de uma pesquisa que objetivou compreender como a experiência espiritual/religiosa de usuários de um CAPS interage com os modos de cuidado em saúde mental e analisar os sentidos da experiência espiritual/religiosa para essas pessoas. O estudo qualitativo de cunho fenomenológico e hermenêutico ocorreu em um CAPS III de Belém-PA e pautou-se na realização de entrevistas semidirigidas. Participaram oito usuários que realizam o acompanhamento em saúde mental no local de pesquisa, cumprindo todos os critérios previstos de inclusão e exclusão. As entrevistas tiveram os áudios gravados, transcritos e submetidos à análise do discurso, a partir da hermenêutica de Ricoeur. As informações foram organizadas em categorias a partir das unidades de sentido: experiência religiosa e a pandemia de COVID-19; itinerários da experiência religiosa e a família; experiência religiosa de usuários de um CAPS e vinculação entre a experiência religiosa e os modos de cuidado em saúde mental. A perspectiva dos colaboradores sobre a experiência religiosa mostrou-se como território com fronteiras fluidas que se entrelaçam continuamente nas ocupações cotidianas, ora interagindo de maneira a criar um ambiente que inspira segurança e harmonia, ora contribuindo para limitações e preconceitos que aprisionam a expansão de suas possibilidades de contato.