Heidegger, anti-intelectualismo e a questão das visões de mundo: uma análise do fenômeno mundo a partir da "metafísica do Dasein" (1927-1930)
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2021.58729Palavras-chave:
Heidegger. Metafísica do Dasein. Mundo. Visões de Mundo. Anti-intelectualismo. Deixar-ser.Resumo
O presente artigo tem por objetivo principal abordar as reflexões sobre o fenômeno “mundo” realizadas por Heidegger em sua “Metafísica do Dasein”, isto é, em seus escritos imediatamente posteriores a Ser e Tempo (1927), e anteriores à publicação da obra Sobre a Essência da Verdade (1930), a saber: As Fundações Metafísicas da Lógica (1928), A Essência do Fundamento (1929), Introdução à Filosofia (1928-1929) e Os Conceitos Fundamentais da Metafísica: Mundo, Finitude, Solidão (1929-1930). Neste período, o filósofo em questão elaborou uma radicalização de suas considerações sobre o existencial “ser-no-mundo” iniciadas em Ser e Tempo. Em outras palavras, Heidegger mostrará nesses escritos como o fenômeno “mundo”, em sua aparição mais originária, sempre se mostra como uma realidade em unidade estrutural com o ser-aí. A partir desse pressuposto, este artigo também propõe a “Metafísica do Dasein” – e sua concepção de “mundo” como uma realidade unida ao ser-aí – como base para uma crítica contundente às “visões de mundo” (Weltanschauung) que influenciam o ser humano atual. São elas: a postura do anti-intelectualismo e sua negação da ciência; e a postura da ciência moderna de raízes cartesianas, que entende o mundo como uma realidade radicalmente separada do sujeito. Desse modo, acreditamos que a partir da “Metafísica do Dasein”, faz-se possível estruturar novas formas de se relacionar com o mundo e com o conhecimento. Formas estas baseadas em uma atitude fundamental e mais originária do ser humano em relação com o mundo: o “deixar-ser” (Sein lassen).