Intencionalidade social e abertura de mundo: ser-com como campo fenomênico na análise da abertura de mundo em Ser e tempo
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2022.56978Keywords:
Martin Heidegger. Fenomenologia-hermenêutica. Abertura de mundo. Discurso. Intencionalidade Social.Abstract
O artigo utiliza como campo fenomênico a estrutura do ser-com no intuito de analisar e reconstruir uma tensão interpretativa presente em Ser e Tempo. Tal tensão interpretativa surge na interpretação da abertura de mundo. A abertura é apresentada por Heidegger nos §§28-38 de Ser e Tempo e designa o acesso do ser-aí a mundo e o acesso ontológico ao ser de entes. A abertura de mundo é articulada. A tensão interpretativa mencionada refere-se ao modo como se dá essa articulação da abertura de mundo. Em um primeiro momento, a abertura de mundo é mostrada como articulada e estruturada a partir de níveis de determinação de comportamentos intencionais. Nesse sentido, a articulação se dá em níveis estratificados, partindo de comportamentos práticos, pré-temáticos e pré-predicativos até culminar em níveis intencionais onde há estrutura proposicional, predicativa e temática. A partir do §34, surge a tensão interpretativa entre o que havia sido exposto até o momento. Isso se dá quando Heidegger interpreta o discurso e a linguagem, reconhecendo o discurso como originário e fundamental ao ser-aí. Isso parece destoar do que havia sido apresentado, pois sugere que o discurso e a linguagem estão pressupostos desde a base em qualquer comportamento intencional do ente humano. Tais interpretações são designadas, respectivamente, como interpretação pragmática e interpretação linguística. O objetivo do artigo é utilizar a estrutura do ser-com como estudo de caso e campo fenomênico para analisar se ocorre uma vinculação entres as duas interpretações ou se há prevalência de alguma delas no fenômeno da intencionalidade social.