Tonalidades afetivas fundamentais e o deslocamento do humano em Heidegger
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2020.39841Resumo
A partir do pensar do outro princípio em Heidegger, a tentativa neste texto é instaurar uma relação entre tonalidades afetivas (Stimmungen) e o deslocamento do homem da zona do ente à dimensão do seer. Para tanto, refletimos sobre a transição ontológica que retira este homem do mundo das representações técnicas e o insere na dimensão da verdade originária, a fim de demonstrar a sua real condição existencial na qual sempre está situado: condição de finitude. As meditações fenomenológicas de Heidegger revelam a situação indigente na qual todo e qualquer ente humano está. Indigência, contrária a qualquer juízo negativo, significa o reconhecimento do ser-aí (o ente deslocado) de que a sua existência é fundamentada pelo acontecimento abissal do seer. Por outro, o esquecimento dessa verdade lança o homem na ausência de indigência, isto é, na falta de consciência de pobreza e finitude, uma vez que se autodeclara fundamento de si mesmo. Nesse sentido, podemos dizer que tal esquecimento é o que caracteriza o pensamento do primeiro princípio no Ocidente.