PRESERVAÇÃO E MUDANÇA NA HISTÓRIA DO PORTUGUÊS: DE ‘POSSESSIVO’ A ‘EXISTENCIAL'

Autores

  • Dinah Callou UFRJ/CNPq
  • Juanito Avelar UNICAMP/FAPESP

Palavras-chave:

variação, mudança, preservação, ter/haver-existencial/possessivo.

Resumo

No português brasileiro (PB), o verbo haver ‘existir’ pode ser substituído pelo verbo ter ‘possuir’, em construções existenciais e um aspecto intrigante dessa variação reside no fato de o verbo ter perder as restrições de finitude nos complementos e de haver acionar essa restrição. A hipótese é a de que esse contraste seja resultante do fato de ter, embora tenha sido reanalisado como existencial, mantenha ainda as propriedades de seleção de sentenças possessivas. Os dados analisados (1528 construções existenciais do português falado contemporâneo e 200 construções com haver/ter-sentenças possessivas no português medieval (PM), do século XIII ao XVI) revelam um aspecto crucial das mudanças relevantes que tiveram lugar na história da língua portuguesa: a versão existencial de ter e haver herda os aspectos sintático-semânticos de sua versão possessiva, o que demonstra que um item pode emergir em um novo contexto sem mudar suas propriedades essenciais de seleção.

Biografia do Autor

Dinah Callou, UFRJ/CNPq

Doutorou-se em Letras em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1980, onde atua desde 1966, tornando se Professor Titular em 1992. Pós doutorouse em Linguística pela Universidade da California/Santa Bárbara em 1994-1995. Possui bolsa de produtividade do CNPq. Atua na área de Fonética/Fonologia e Sintaxe, com ênfase em Sociolinguística e Linguística Histórica, com produção nos seguintes temas: variação e mudança, português do Brasil, fala culta carioca. Entre suas publicações, encontram-se, em co-autoria com Carolina Serra, “Variação do rótico e estrutura silábica, na Revista do GELNE (2012) e, em co-organização com Afranio Barbosa, A norma brasileira em construção: Cartas a Rui Barbosa (1866-1899), editado pela Fundação Casa de Rui Barbosa (2011). Aposentada em 2008, continua atuando no Programa de Pós Graduação em Letras Vernáculas, tendo recebido o título de Professor Emérito em 02/09/2010.

Juanito Avelar, UNICAMP/FAPESP

Professor do Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. Tem doutorado (2006) em Linguística pela UNICAMP e pós-doutorado (2007) pela USP. Participa de projetos voltados à história do português brasileiro, com estudos sobre variação sintática e mudança gramatical em torno dos seguintes tópicos: constituintes locativos e direcionais, preposições e sintagmas preposicionados, construções possessivas e existenciais. Entre suas publicações recentes encontram-se os artigos “Expressões possessivo-existenciais na fala dos quilombolas de Muquém”, em Stockholm Review of Latin American Studies (v. 8, p. 65-82, 2012); “Tópico e concordância em português brasileiro e português europeu” em Textos selecionados – XXVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística (Lisboa: APL, p. 49-65, 2011); “Expressões de tempo decorrente com TER e HAVER na fala carioca”, em Diadorim (v. 8, p. 161-180, 2011).

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Publicado

2012-06-19

Como Citar

Callou, D., & Avelar, J. (2012). PRESERVAÇÃO E MUDANÇA NA HISTÓRIA DO PORTUGUÊS: DE ‘POSSESSIVO’ A ‘EXISTENCIAL’. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 19(30). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/22629