MEMÓRIA, COORDENAÇÕES ASSOCIATIVAS E SINTAGMÁTICAS E MICROGÊNESE LINGUÍSTICA: IMPLICAÇÕES E PROSPECTOS PARA A TEORIA LINGUÍSTICA DE SAUSSURE

Autores

  • Paul J. Thibault University of Agder

Palavras-chave:

Relações associativas, memória, microgênese, Saussure, valor.

Resumo

Uso a distinção feita por Saussure entre relações associativas e sintagmáticas na langue como ponto de partida para um re-exame da relação entre memória e língua. Os comentários de Saussure sobre esta relação são escassos e fragmentados, e colocados nos relatos clássicos, hoje em dia em grande parte abandonados, dos primeiros neurologistas, como Broca e Wernicke, que viam a linguagem no cérebro como uma série de áreas corticais interconectadas que se presumia serem os repositórios dos processos neurofisiológicos da função da linguagem. Inspiro-me na idéia de Andy Clark (1993) de “motores associativos” para discutir como a coordenação associativa de itens linguísticos envolve (1) o potencial de evolução para explorar a lacuna entre o input ambiental bruto para o organismo e o input para redes neurais específicas; e (2) o potencial para o aprendiz da linguagem enquanto agente ativo de criar um pouco de seu próprio ambiente de aprendizagem. Examino então as maneiras de o princípio da coordenação associativa de diversas séries armazenadas na memória de longo prazo tornar possível e dar origem à análise e segmentação dos sintagmas linguísticos. Este desenvolvimento, por sua vez, possibilita a detecção da parte comum de diversos sintagmas de tal modo que eles podem ser substituídos por outros mais esquemáticos. O esquema linguístico resultante incorpora restrições funcionais no input de dados disponíveis para o aprendiz e, assim, serve como um dispositivo pedagógico, que eu chamo FUNÇÃO ENSINO. A teoria da Microgênese de Jason Brown (1988) juntamente com a explicação de Deacon (1989) para os fluxos duplamente centrípetos e centrífugos e de informação no cérebro fornecem a base para uma explicação mais coerente e completa da estrutura neural da linguagem: O enunciado é microgeneticamente elaborado conforme se desenrola de forma centrifuga ao longo de uma sequência de níveis neuro-anatômicos (por exemplo, o neo-córtex límbico, generalizado, o córtex sensóriomotor). Com base nisso, articulo algumas ligações entre a teoria de microgênese de Brown e algumas teorias recentes sobre a memória e a linguagem. Enunciados elaborados de forma centrífuga também exigem o que Deacon chamou de programação centripetalmente direcionada e informação somatosensória, Agentes se baseiam em sua rica memória fonética construída em experiência de primeira pessoa para desenvolver repertórios de exemplares de gestos fonéticos. Mais do que a instanciação de um sistema de tipos de segunda ordem, a linguagem, através da memória exemplar, está ligada às diferentes maneiras com que os agentes ouviram, sentiram e experienciaram determinados gestos porque estão incorporados na dinâmica relacional linguageira em tempo real entre pessoas, carregada do elemento afetivo.

Biografia do Autor

Paul J. Thibault, University of Agder

Professor de Linguística e Estudos de Comunicação na Faculty of Humanities and Education, da University de Agder, em Kristiansand, Noruega. É Professor Honorário das Universidades de Beijing e de Hong Kong. Atualmente é Professor Convidado na Universityof Southern Denmark (2014-2016). Completou seu Ph.D., orientado por M. A. K. Halliday e Roger Fowler, em 1984. No mesmo ano, recebeu bolsa do governo italiano para seu estágio pós-doutoral na Universidade de Bologna em colaboração com o Professor Paolo Fabbri. Faz parte dos Conselhos editoriais dos seguintes periódicos: Language Sciences, Language and Sociocultural Theory, Linguistics & the Human Sciences, Social Semiotics, e Text & Talk. É coorganizador (com Anthony Baldry) da série de livros English Linguistics and ELT, publicada pela Equinox de Londres. Seus livros incluem Social Semiotics as Praxis (Minnesota, 1991), Re-reading Saussure (Routledge, 1997), Discussing Conversation Analysis: The work of Emanuel A. Schegloff (ed., Benjamins, 2003), Language and Interaction: Discussions with John J. Gumperz (ed., Benjamins, 2003), Brain, Mind, and the Signifying Body: An ecosocial semiotic theory (Continuum, 2004), Agency and Consciousness in Discourse: Selfother dynamics as a complex system (Continuum, 2004), Multimodal Transcription and Multimodal Text Analysis (com Anthony Baldry) (Equinox, 2006) além de artigos e capítulos de livros. Atualmente escreve dois livros: (1) Language, Body, World: A critical rereading of Hjelmslev; e (2) Distributed Language: The extended human ecology. Seus interesses de pesquisa incluem a linguagem dos símios, linguística teórica e aplicada, linguagem distribuída e cognição; aprendizagem da linguagem e desenvolvimento, multimodalidade, teoria narrativa e aprendizagem auxiliada por tecnologia e interatividade.

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Publicado

2014-06-19

Como Citar

Thibault, P. J. (2014). MEMÓRIA, COORDENAÇÕES ASSOCIATIVAS E SINTAGMÁTICAS E MICROGÊNESE LINGUÍSTICA: IMPLICAÇÕES E PROSPECTOS PARA A TEORIA LINGUÍSTICA DE SAUSSURE. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 21(34). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/17516