CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO

2023-08-08

A revista Matraga, da Pós-Graduação em Letras da UERJ, está recebendo artigos e resenhas para os próximos números, aceitando textos em português, inglês, espanhol e francês. Os artigos são submetidos ao sistema de pareceristas duplo-cego e devem seguir rigorosamente as normas de formatação da revista.

Confira a seguir chamadas completas. As submissões são online.

MATRAGA 63

Será dedicado aos Estudos Literários, com o tema Múltiplas guerras possíveis.

EMENTA

No texto que apresenta os relatos do seu A guerra não tem rosto de mulher, Svetlana Aleksiévitch descreve um pouco da sua infância em uma aldeia, com uma família determinada pela guerra, entre outras crianças cujas famílias também haviam sido implacavelmente marcadas pela guerra: “Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?”

Aleksiévitch se refere à guerra contra os alemães em meados do século XX, a uma guerra que se materializava no campo de batalha, com mortes e devastação. Imagem já clássica da guerra, difundida especialmente pelo cinema, o campo, as trincheiras e os bombardeios fazem parte do conhecimento popular do que seria a guerra. Mas a pergunta final de Aleksiévitch, sua dúvida sobre a existência em qualquer momento de um mundo sem guerra nos remete a uma concepção contemporânea da guerra, na qual a guerra envolve todos, soldados e civis, guerra total.

A guerra é perene, vive em estado latente ou manifesto no mundo moderno. É a guerra que organiza a política e a ordem modernas. É a premissa hobbesiana de um estado natural de “guerra de todos contra todos” que legitima a criação do Estado enquanto mecanismo único de detenção da violência; ou seja, é a ameaça da guerra que demanda a ordem, mas, contrariando Hobbes, a ordem política só parece concretizar-se com a guerra. Antes ainda, é a guerra, tornada “justa”, que impulsiona a empresa colonial. Neste sentido, a guerra colonial se transforma em paradigma e ensina as metrópoles a fazer guerras contra suas populações: guerras de classe, de raça e de sexo (Alliez; Lazzarato, 2021).

Das múltiplas acepções da guerra a partir de então nos interessam todas. Dos seus efeitos e dos “feitos estéticos”, todos nos parecem pertinentes. Dos poemas e romances gerados por sobreviventes da Primeira Guerra Mundial às narrativas de testemunhas da Segunda. Dos textos que emergiram a partir da colonização das Américas às estórias que tentam suplementar a história da escravidão. Dos relatos das fronteiras – das frentes e do avanço e daqueles que estavam e que restaram – aos pormenores das guerrilhas, das resistências e dos boicotes.

Das reconstruções do passado às possibilidades do futuro, nos interessa, ainda, pensar o luto e a vulnerabilidade, tais como conceituados por Judith Butler (2019); a guerra entre Humanos (Humans) e Terrestres (Earthbound) que Bruno Latour (2020) imaginou no Antropoceno; a diplomacia entre humanos e entre humanos e outros seres, sugeridos nas narrativas de uma Ursula Le Guin, por exemplo, e no xamanismo ameríndio; a crítica da guerra enquanto instrumento contra a vida.

Convidamos para compor este número da Matraga os/as autores/as interessados/as em interpelar o tema da guerra em suas múltiplas acepções a partir dos seus “efeitos estéticos”.

EDITORAS:
Carolina Correia dos Santos (UERJ) e Agnese Codebó (Villanova University)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: até 31/03/2024
Publicação: setembro de 2024

MATRAGA 62

Será dedicado aos Estudos Linguísticos, com o tema Variação e Mudanças nas línguas.

EMENTA
A diversidade linguística é um fato incontestável. No entanto, a despeito das pesquisas em nossa área da linguagem, vige, concomitantemente, pensamento de que a língua é vista como homogênea, de que as regras gramaticais são encaradas como permanentes e imutáveis, contabilizando-se, apenas, uma única possibilidade de utilização da língua. Como cientistas da linguagem, torna-se, pois, necessário, em pleno século XXI, despertar, mais uma vez, a sociedade para a variação constitutiva das línguas, a fim de refletir sobre o fenômeno da mudança linguística, em perspectiva de que a variação é a fonte de mudança. CALLOU, D.; LOPES, C. R. (2016) propõem repensar “o nosso código gramatical e atualizá-lo, em consequência de existência de um abismo, mais ou menos profundo, entre a norma idealizada e as normas efetivamente praticadas, mesmo pelos falantes mais escolarizados.” Neste sentido, serão bem-vindos artigos que contemplem, dentro de uma perspectiva atualizadora e crítica, em especial, os seguintes tópicos: (1) reflexão sobre as inter-relações existentes entre língua e sociedade; (2) discussão sobre o fenômeno da mudança linguística em diferentes línguas; (3) análise da diversidade translinguística e transcultural (4) revisitações de diferentes gramáticas na perspectiva da mudança e da variação; (5) estudos de variação e mudança de línguas em diferentes gêneros; (6) estudos sincrônicos e diacrônicos de diferentes línguas; (7) influências de diferentes fatores na constituição da língua portuguesa.

EDITORES:
Maria Teresa Tedesco Vilardo Abreu (UERJ, Brasil) e Lurdes de Castro Moutinho (Universidade de Aveiro, Portugal)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: até 31/10/2023
Publicação: maio de 2024

MATRAGA 61

Será dedicado aos Estudos Linguísticos e aos Estudos Literários, com tema livre.

EMENTA
Acolhem-se artigos inéditos e resenhas nos campos dos estudos literários e linguísticos.

EDITORES:
Deise Quintiliano Pereira (UERJ) e Roberta Stanke (UERJ)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: até 30/06/2023 [ENCERRADO]
Publicação: janeiro de 2024

Os artigos não devem exceder 25 páginas.
As resenhas não devem exceder 8 páginas.
Consulte as normas para a publicação nas orientações aos autores, que contém um tutorial passo a passo para submissão online.